Dorina de Gouvêa Nowill
Sobre a Dorina
A Fundação Dorina leva o nome de sua idealizadora, Dorina de Gouvêa Nowill. Mais do que uma fundação, ela deixou a oportunidade de viver com dignidade à pessoa cega e com baixa visão e, às pessoas que enxergam, uma lição de vida.
Perseverança, caridade, resignação e paciência são as lições deixadas por esta paulista que enxergava o mundo com os olhos da alma.
Mas quem foi essa mulher e quais eram suas motivações? Saiba mais sobre nossa presidente emérita e vitalícia, que conviveu durante 74 anos com a cegueira e fez disso sua missão de vida.
Quem foi
Dorina nasceu em São Paulo, no dia 28 de maio de 1919 e acabou ficando cega aos 17 anos de idade, vítima de uma doença não diagnosticada.
Ela foi a primeira aluna cega a frequentar um curso regular na Escola Normal Caetano de Campos, e conseguiu a integração de outra menina cega num curso regular da mesma escola. Posteriormente, Dorina colaboraria para a elaboração da lei de integração escolar, regulamentada em 1956.
Percebendo a carência, no Brasil, de livros em braille – sistema de escrita e leitura para cegos –, criou a então Fundação para o Livro do Cego no Brasil, que iniciou suas atividades em 11 de março de 1946.
Perseverança, caridade, resignação e paciência são as lições deixadas por esta paulista que enxergava o mundo com os olhos da alma.
Mas quem foi essa mulher e quais eram suas motivações? Saiba mais sobre nossa presidente emérita e vitalícia, que conviveu durante 74 anos com a cegueira e fez disso sua missão de vida.
Dorina se especializou em educação de cegos no Teacher´s College da Universidade de Columbia, em New York, EUA. Naquela ocasião, participou de uma reunião com a Diretoria da Kellog’s Foundation, onde expôs o problema da falta de livros em braille para cegos brasileiros e a necessidade de se conseguir uma imprensa braille para a Fundação que havia criado no Brasil.
Assim, em 1948, a Fundação para o Livro do Cego no Brasil recebeu, da Kellog’s Foundation e da American Foundation for Overseas Blind, uma imprensa braille completa, com maquinários, papel e outros materiais.
Além da educação, outra preocupação de Dorina sempre foi a prevenção da cegueira.
Em 1954
ela conseguiu que o Conselho Mundial para o Bem-Estar do Cego se reunisse no Brasil, em conjunto com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia e a Associação Panamericana de Saúde.
De 1961 a 1973,
Dorina dirigiu a Campanha Nacional de Educação de Cegos do Ministério da Educação e Cultura (MEC). Em sua gestão foram criados os serviços de educação de cegos em todas as Unidades da Federação.
Em 1982,
Dorina lutou, também, pela abertura de vagas e encaminhamento das pessoas com deficiência para o mercado de trabalho. Durante a Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, Dorina conseguiu que a Recomendação 99, sobre a reabilitação profissional, fosse discutida.
Em 1983,
Quando a Conferência da OIT se reuniu no congresso, os representantes do governo brasileiro, dos empresários e dos trabalhadores votaram a favor da proposta do Conselho Mundial para o Bem-Estar do Cego, pela aprovação da Convenção 159 e da Recomendação 168, que convocam os Estados membros a oferecer programas de reabilitação, treinamento e emprego para as pessoas com deficiência.
Dorina também foi presidente do Conselho Mundial para o Bem-Estar dos Cegos, hoje, União Mundial de Cegos, e recebeu vários prêmios e medalhas nacionais e internacionais ao longo de suas mais de seis décadas de trabalho à frente da Fundação Dorina.
Do sonho à realidade
Madrinha da campanha “Acessibilidade: Siga Esta Ideia”, da Prefeitura de São Paulo, Dorina sempre lutou para o desenvolvimento pleno e pela inclusão social das pessoas cegas e com baixa visão. Por isso, trabalhamos há mais de 75 anos para facilitar a inclusão social de pessoas cegas e com baixa visão, por meio de produtos e serviços especializados.
Hoje, nossa Imprensa Braille é uma das maiores do mundo em capacidade produtiva, com produção em larga escala, equipamentos de grande porte, recursos humanos especializados e matéria-prima especial. Há quem diga que, nos últimos 70 anos, não há uma só pessoa cega alfabetizada no Brasil que não tenha tido em suas mãos pelo menos um livro em braille produzido por nós, da Fundação Dorina Nowill para Cegos.
Além dos avanços tecnológicos para a produção dos livros em braille, nós sempre procuramos acompanhar e cumprir as recomendações da UNESCO, no que diz respeito à composição de livros para crianças.
Seguindo o empreendedorismo da Dorina, oferecemos ainda, como um dos nossos serviços, a produção de livros falados e livros digitais acessíveis, visando diminuir os problemas de comunicação das pessoas cegas ou com baixa visão ocasionados pela limitação visual.
Seu modo de ver o mundo
Dorina Nowill escreveu o livro “… E EU VENCI ASSIM MESMO”, lançado em 1996. A obra foi traduzida para o espanhol, com o título “…Y AUN ASÍ LO HE CONSEGUIDO”, e apresentada em reunião da União Mundial de Cegos na África do Sul, em dezembro de 2004, com distribuição para toda a Europa e América Latina. Além disto, foi o livro que inspirou a obra “Para Ver Além”, lançado em 2002, que reúne frases de sua autoria, sob a organização de Marina Gonzalez.
Em seus últimos anos de vida, Dorina se preocupava em difundir o trabalho da fundação que criou, sua experiência e o Sistema Braille, por meio de trabalhos com a comunidade, professores e palestras requisitadas por empresas, escolas, universidades e instituições de São Paulo e do Brasil.
Em 2009, durante as comemorações dos 200 anos de nascimento de Louis Braille, inventor do Sistema Braille, ela esteve empenhada em chamar atenção para questões relacionadas à deficiência. Na ocasião, Dorina buscou envolver a sociedade em uma ampla reflexão do uso do sistema como um instrumento indispensável para as pessoas com deficiência visual, tanto na educação quanto no exercício da cidadania com maior independência e autonomia.
Neste mesmo ano, quando completou 90 anos, Dorina recebeu diversas homenagens por uma vida inteira dedicada à inclusão das pessoas com deficiência visual nas mais diversas áreas: cultura, educação, saúde e trabalho.
Em seus últimos anos de vida, Dorina se preocupava em difundir o trabalho da fundação que criou, sua experiência e o Sistema Braille, por meio de trabalhos com a comunidade, professores e palestras requisitadas por empresas, escolas, universidades e instituições de São Paulo e do Brasil.